Mais que fanatismo: devoção!
Por este título parece que vou falar da rainha né? Mas não, a devoção da vez é outra: o futebol.
O Brasil e o país do futebol. Jamais ousaria argumentar algo contra isso. Mas os ingleses não ficam atrás quando se trata de paixão! Acho que a palavra que melhor define é “devoção”. Mesmo que o país não tenha ganhado tantas Copas do Mundo como o Brasil (só ganhou uma na verdade, em 1966), em época de Copa percebe-se ainda mais isso. Eles não viram fanáticos só quando o clube ganha, mas sempre!
O que é muito normal são as pessoas torcerem para clubes da sua região, ou até do seu bairro. Dificilmente você encontra um torcedor do Chelsea morando em West Ham, mesmo que os dois clubes sejam londrinos. Isso até fortalece ligas e divisões menores do futebol inglês, tornando a paixão mais acessível, uma brincadeira que é possível bancar de vez em quando.
A atmosfera de uma partida de futebol é única, e por mais que eu tente achar palavras pra transmitir isso aqui, não vou conseguir chegar perto do que é de fato. Desde o caminho da estação de metrô até o estádio, o clima de tranquilidade já predomina. Pensando bem, desde o metrô.
Não é porque está com uma camisa ou um cachecol de um clube que está puxando briga. As duas torcidas (na maioria dos casos) andam juntas, sem provocações, sem desordem. Os olhares da polícia dão ainda mais segurança pra gente, meros visitantes.
No meio de tanto torcedor tem barraquinhas de fast food (super fast mesmo, com quase tudo pronto, nada gourmetizado) e muita coisa característica só daquele dia, como os cachecóis personalizados, com a data do jogo escrita nele. Outra coisa muito característica são os programmes.
O programme é uma mini-revista impressa especificamente pra aquela partida. Tem desde escalação, entrevista com algum jogador ou dirigente, estatísticas dos dois clubes, análises, novidades no clube, prospectos, etc. São £ 3,50 investidos pra um souvenir mais que completo!
A estrada no estádio é organizada e de fácil entendimento. Nada de empurra-empurra. O hábito de muita gente assim que passa nas catracas é ir direto pras barraquinhas de aposta. Lá pode apostar no resultado e em outras estatísticas da partida, como gols ou artilheiros, por exemplo.
Dali, o próximo passo é o bar. Grande parte dos torcedores chega bem antes ao estádio pra incluir o ritual de pegar uma bebida e conversar com os outros torcedores antes do jogo. Apesar de poder consumir bebida alcoólica na área do bar, não pode entrar com bebida nas arquibancadas, então por isso chegar antes pra essa conversa/super encontro. Outras bebidas podem ser consumidas no seu assento, e num dia frio muita gente adota a outra bebida muito adorada pelos ingleses: o chá.
Lembra que eu falei que as torcidas chegam juntos e tudo é uma paz? Dependendo do jogo, nesta altura do dia elas ainda estão dividindo o mesmo espaço. Só se separam na hora de ir pra arquibancada mesmo.
O seu lugar é marcado e aquele assento é seu. Mas a arquibancada não. Ou seja, tem que ficar sentadinho no assento pra todo mundo conseguir assistir. A não ser durante um ataque, claro, que é impossível controlar o impulso de ficar de pé e colocar a paixão pra fora.
Neste desenrolar é que tudo tem um ar de paz e harmonia. Apesar de ser uma competição e de ambos estarem buscando a vitória, o grito dos torcedores vem mais em forma de apoio do que em forma de indignação por não estarem marcando gols. Um bom exemplo deste apoio são os aplausos, em especial por passes errados. Ali o fanatismo dá lugar à devoção. Nada pode ser maior que o clube para estes torcedores. Nada deve ser maior para estes torcedores.
Tem torcidas e torcidas, claro. Num jogo que fui a torcida se limitava a aplausos e gritos de “come on!” como apoio. Em outro, a torcida não parava de cantar e gesticular, levantando ainda mais a atmosfera.
Se você não conseguir assistir uma partida de futebol, os principais clubes oferecem tours pelos estádios, onde pode visitar a sala de imprensa, vestiários, chegar pertinho do gramado e ver os troféus.
Independente de qual for tua escolha, com certeza vai notar esta paixão fiel. Ela está refletida nos tours e nas partidas, e estampada no rosto de cada torcedor.
Texto e foto: Rafael Maciel
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