O ano era 1144. Nascia na margem sul do Tâmisa uma prisão que iria perdurar por mais de 600 anos naquele local, matando muita gente e deixando muita história pra ser contada nos dias de hoje. A Clink Prison não era apenas uma prisão. Como a placa que está em frente a ela diz, ela é a mais famosa prisão medieval.
Uma prisão de tortura.
Basicamente era mandado pra prisão quem ia contra os princípios e ideais da Igreja e quem causava problemas em pubs, teatros e hospedarias da redondeza. Ela era de propriedade do Bispo de Winchester (e ficava ao lado do Palácio de Winchester).
O nome “clink” não tem um significado específico na língua inglesa. Ele vem justamente do som das algemas fechadas nos pulsos e tornozelos dos prisioneiros. Outros dizem que o som vem de uma das formas de tortura que era bater um martelo de ferro numa barra de ferro, o dia todo. Imagina o som? CLINK – CLINK – CLINK.
No passeio de pubs sempre passamos na frente dela e uma imagem chama atenção: um esqueleto pendurado logo acima da cabeça dos passantes. Aquela era na verdade uma das formas de tortura da Clink Prison: colocar a pessoa viva em uma gaiola, pendurada num local inalcançável e exposto a todos. Era deixada ali até morrer de fome ou de frio. E ficava num local público já pra servir de aviso a todos. Algo como “não facilita porque o próximo pode ser tu”.
Alguns ficavam presos no nível da rua e tinham que implorar por dinheiro ou até roupas aos passantes. Algumas mulheres eram autorizadas a se prostituir. Isso tudo era para poderem arranjar dinheiro e comprar sua própria comida dentro da prisão ou até colocar algemas menos pesadas atadas ao tornozelo. Tudo tinha um custo.
Outra forma muito temida de tortura era o chamado “the hole”, o buraco. A pessoa era colocada viva em um buraco profundo no chão da prisão onde só cabia ela. Era obrigada a ficar de pé, nem tinha como deitar. Lá embaixo podia morrer de fome ou frio, ou então vir a água do Tâmisa (que é ao lado da prisão) e afogar o prisioneiro, ou ainda pegar alguma doença ou até descascar a pele de tanto que a água ficou em contato. Não à toa era o mais temido.
A prisão foi incendiada em 1780 durante protestos e nunca mais foi reconstruída. Hoje existe no local o Clink Prison Museum. Um museu contando desde o surgimento da prisão, passando por casos reais e expondo vários e vários objetos de tortura. O museu é muito interativo e dá até pra pegar e analisar os objetos minuciosamente. Não se preocupe que não é muito pesado, até crianças são bem-vindas inclusive. Em menos de uma hora é possível conhecer todo o museu e ainda levar uma lembrancinha (calma, é só uma caneca ou camiseta mesmo).
Essa e muitas outras histórias são contadas semanalmente no nosso pub crawl histórico, um passeio de quatro horas que mistura boas cervejas e boas histórias. E tudo em português.
Ingressos:
Adultos: £ 7.50
Crianças (menores de 16): £ 5.50
2 adultos + 2 crianças: £ 18.00
Horário de funcionamento:
Julho a setembro: 10h às 21h
Outubro a Junho: 10h às 18h
Endereço: 1 Clink Street, London Bridge, SE1 9DG (mapa aqui)
Estação de metrô mais próxima: London Bridge
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