O post de hoje foi escrito pela Fausta Cristina, autora do blog Mundo da Mi. Pedi a ela que escrevesse um pouco sobre a sua experiência de viver em Londres com uma criança com autismo, já que na nossa caixa de comentários, alguns pais deixaram perguntas com relação à questão. Agradeço à Cristina pelo texto super esclarecedor que nos enviou e que compartilho aqui com vocês.
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Por oito meses tive o privilégio de morar na City of London, uma parte bem pequena da grande Londres, o núcleo histórico e mais antigo, onde se reúnem grandes bancos e muitos prestadores de serviço. Com uma estrutura invejável a City oferece segurança e acesso rápido às principais atrações da cidade.
Embora todas estas facilidades, eu estava diante de dois enormes desafios, me adaptar tendo minha linda filha que tem Autismo o tempo todo comigo e lidar com a dificuldade de não dominar o idioma. Em ambos os casos, Londres me surpreendeu com respeito e preparo para lidar com as diferenças e com os diferentes.
Londres encanta a todos os seus visitantes e é garantia de satisfação para turistas de qualquer idade e de qualquer nacionalidade, mas como será para alguém com Autismo? Esta síndrome embora tão recorrente, (uma em cada 100 crianças tem autismo) é desconhecida da maioria do grande público nos diversos países em que já estive, não apenas no Brasil. Mas eu já sabia que Londres é a sede da primeira associação para defesa dos direitos do Autismo no mundo, a NAS, por isso eu já esperava uma maior informação pelo setor público e de serviços e foi o que encontrei.
Após fazer meu registro na polícia (exigência para quem vai residir por mais de três meses) me registrei no conselho de educação da City of London optando pela Home Education. Foi um processo tranquilo e recebi da equipe apoio e orientação no programa desenvolvido com minha filha, mesmo não sendo uma residente definitiva, mesmo não votando na cidade eles foram de um carinho, cuidado e atenção que nos comoveu muito. Deram suporte e supervisionaram e nos apoiaram para garantir o bem estar da minha filha.
Para as atividades de lazer e turismo eu tive a preocupação inicial se deveria identificar minha filha através de um boton, de um adesivo ou algo que indicasse que ela tem Autismo, pois em determinados momentos suas reações e comportamentos saem do que se espera para o contexto. Assim que chegamos, tivemos uma preparação para amenizar o choque cultural promovido pela empresa empregadora do meu marido e foi lá que uma especialista em Autismo me disse que eu não deveria identificar o Autismo da Milena, a menos que me fosse pedido ou fosse absolutamente necessário.
Olha que diferente isso, as pessoas em Londres estão muito acostumados e conviver com o diferente, isso há séculos, então eles realmente não irão te olhar como acontece por aqui, com aquele olhar acusador: você não educa seu filho… Segundo essa pessoa, rotular é que seria um erro, talvez pudesse ser interpretado como um gesto não muito adequado.
Eu pude ver isso na prática. Em um museu, chamei a atenção dela certa vez, de forma mais veemente e a funcionária se dirigiu a mim calmamente dizendo que estava tudo bem, que todos entendiam que ela era uma criança. E na troca da guarda, tive que contê-la diante do seu nervosismo em meio à multidão e uma policial se dirigiu a ela perguntando se estava tudo bem. Mesmo com minha explicação (ela não fala inglês, ela tem autismo) ela ficou me rondando, preocupada com o bem estar da Milena, mas sem deixar de ser gentil comigo.
Facilidades para o visitante
Além desta postura adequada frente ao diferente, existem algumas facilidades para o visitante. Na maioria das atrações a pessoa com Autismo ou qualquer outra “special need” terá vantagens como não enfrentar filas ou ganhar descontos na compra do ticket. Em algumas atrações, como é o caso do SeaLife, Buckingham Palace, entre outros, o ingresso é de graça para a pessoa com necessidade especial e com desconto para seu acompanhante. Existem casos de ingressos free apenas para o cuidador ou às vezes para este ingresso é necessário apresentar uma declaração formal, nos moldes da legislação inglesa. Para quem mora na cidade, é possível fazer uma carteirinha, o Freedom Pass que dá direito a transporte gratuito, inclusive trens e essa carteirinha muitas vezes pode ser utilizada para requerer gratuidade em tickets das atrações.
Eu nunca precisei “provar” o Autismo da Milena e como ela já tinha gratuidade em ônibus e metrô (por ter menos de 11 anos) eu não procurei por este benefício, a única coisa que sempre me pediam era para informar – apenas verbalmente – a idade da minha filha, pois com 10 anos ela tem 1,61m e até para os padrões europeus é muito alta. Bastava eu dizer a idade dela e ficava tudo bem.
Então é isso, se você tem alguém com alguma necessidade especial e pretende fazer turismo em Londres, o que eu tenho para compartilhar como experiência de quem fez turismo por oito meses é que você está no lugar certo. Todos são compreensivos, ninguém vai te “olhar torto”, você será apenas mais uma pessoa diferente, não será tratado com pena e contará com os privilégios que sua necessidade específica exigir. Acho que essa igualdade no tratamento é o sonho de qualquer pessoa com deficiência. Pois é, em Londres é assim!
Se quiser entrar em contato direto comigo terei prazer em te dar mais informações. No mais, agradeço ao privilégio de participar do Londres Para Principiantes. E Eneida, fiz quase toda a sua lista de atrações gratuitas e não sosseguei enquanto não encontrei o Peter Pan em Kensington Gardens, um grande abraço e obrigada!
Thais Lima
Tenho um filho de 4 anos autista e penso em ir para Inglaterra….será que consigo alguma ajuda do governo mesmo sendo imigrante?
Eneida
Oi Thais,
Não sei te dizer, infelizmente.
Ana claudia
Olá eu tenho um filho de 3 anos e autista e não vi nada disso aqui em Londres tem sido grande decepção primeiro já estou à espera do diagnóstico chegar em casa a 1 mês e nada o pediatra diz que não demorava a chegar precisava de mais escola foi por numa escola especial Onde só o deixam ir uma hora por dia as trapiás de fala e de mês a mês
Eneida
Oi Ana Claudia,
Sinto muito pela sua experiência e espero que tudo melhore para ele.
Patricia
Olá, estou desesperada ,tenho um filho autistas. Ele é muito novinho mas mesmo assim me preocupo com o desenvolvimento dele. Pelo q li Londres e muito bom em tratamento patapara pessoas autista. Mas Eu não tenho documentação. Por não ter documento fica difícil conseguir tratamento?
Eneida
Oi Patricia,
Sem documento, a vida em geral é muito difícil.
Julia
eu sou psicóloga e moro em Londres, eu faço atendimento domiciliar com crianças autistas. Sou terapeuta aba. Gostaria muito de poder ajudar vocês que são pais. Se quiserem podem entrar em contato comigo pelo instagram: @psijuliacro
beijinhos
Marta
Olá, estou morando na iglaterra a 6 meses e temos documentos, minha filha é autista e queria saber se ela tem direitos aqui em UK?
Eneida
Oi Marta,
Sugiro que procure o Council do seu bairro ou um grupo de suporte a autistas, que certamente poderão te informar: https://www.autism.org.uk/services/local/england/london.aspx.
Infelizmente, não sei muito sobre o assunto.
Klaudiene
Cheguei a uma semana em londres e vim com meu filho que e especial ele tem sindrome de smith lemli optiz e tambem tem autismo na sindrome ,quero matricilar ele na eacola mais tambem prwciso de fonoaudiologa e fisioterapia
Vice tem como me.auxiliar por onde começar, estou perdida .
Eneida
Olá Klaudiene,
Infelizmente não sabemos como ajudar.