Com o programa do governo federal “Ciência sem Fronteiras“, muitos jovens brasileiros estão tendo oportunidade de estudar por alguns semestres em uma universidade no exterior. O Reino Unido tem sido um destino popular, tendo recebido mais de 5.000 bolsistas brasileiros desde que o programa foi implementado.
O post de hoje, escrito por Andrea Leonel do blog Londres para estudantes, é para esta garotada que está indo para uma universidade britânica sem saber muito bem o que vai encontrar. A Andrea, que cursou faculdade no Brasil e está agora fazendo graduação em Londres, fez uma comparação interessante entre as duas realidades. Vamos conferir?
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Você já parou para pensar que existem estudantes no mundo todo experimentando a vida universitária pela primeira vez? Aqui no Reino Unido, os calouros iniciam a vida de “quase adultos” no mês de setembro. E essa é só uma das diferenças entre a vida de universitário no Reino Unido e no Brasil. Aqui vão algumas outras:
Vestibular x A-Levels:
O vestibular no Brasil, também conhecido como os piores meses da vida de um estudante, é uma época de pressão, muito estudo e ansiedade com a espera do resultado. Aqui no UK, porém, as coisas são um pouco diferentes. Os estudantes podem trilhar diferentes caminhos para a universidade. O mais comum deles são os A-Levels, exames de matérias específicas em que os alunos escolhem quais querem cursar, de acordo com o curso que pretendem seguir.
Exemplo:
Se um aluno quiser cursar Nutrição na Universidade de Westminster, em Londres, ele precisa ter 3 A-Levels diferentes, sendo dois deles na área de Ciências, com notas mínimas de C.
Os requerimentos variam entre universidades e cursos, e muitas vezes os alunos precisam aplicar para as universidades sem nem saber quais notas tiraram. Bem arriscado!
Trote x Freshers Week:
Passados os meses de ralação no Brasil, chega a hora do trote, momento em que provavelmente será a única vez na vida que você irá pedir dinheiro no sinal com uma receita de bolo inteirinha te cobrindo da cabeça aos pés (com uma pitada de tinta também). Se você é daqueles que sonha com o seu trote, sinto lhe informar, mas se você vier estudar no Reino Unido não vai ter pra você.
Nas universidades britânicas, se tem a Fresher’s Week, ou a Semana dos Calouros, que consiste basicamente em eventos para que os novos estudantes possam se inscrever em sociedades e conhecer a universidade.
Evento da Freshers Week da Nottingham Trent University
As sociedades, aliás, são outra diferença no Reino Unido. Aqui, as universidades reúnem grupos de alunos com interesses em comum, desde esportes e hobbies, até línguas e nacionalidades. Nesse quesito, as universidades inglesas estão em vantagem, mas nós brasileiros temos as maravilhosas competiçōes de bateria que os ingleses nem imaginam como são.
Universidades Públicas x Tuition Fees:
No Brasil, tem-se a opção de pagar ou não uma universidade, de acordo com a situação financeira ou a disposição de enfrentar um cursinho. Já por aqui, com exceção da Open University, que é um caso a parte, todas as universidades são pagas. E não é pouco não, viu? Desde de 2012 as tuition fees (anuidades pagas às instituiçōes de ensino) triplicaram o valor, chegando a cerca de 40 mil reais por ano.
“Pamonharia” x Student bars:
Nos meus três anos cursados na Universidade Federal de Goiás, todos os meus colegas de sala adoravam dar uma escapadinha das aulas para ir á “pamonharia”, um lugar que vendia de tudo – principalmente cerveja – menos pamonha.
Aqui no Reino Unido, muitas universidades possuem seus próprios pubs, onde os estudantes organizam eventos e até trabalham detrás do balcão. As noites mais movimentadas costumam ser em dias de semana, com bebidas baratas e muita música.
Inclusive, o consumo de bebidas por jovens universitários tem sido alvo de reportagens da mídia, graças à notoriedade do jogo Neknominate, onde os estudantes gravam vídeos bebendo quantidades exorbitantes de álcool e nomeiam seus amigos no Facebook para encararem o desafio.
Aulas x Lectures
O sistema de aulas em universidades da Grã-Betanha é um pouco diferente do Brasil. Aqui, nos cursos de humanas e artes, por exemplo, se tem lectures, ou palestras com alunos de vários cursos ministradas por um professor. Depois, eles vão para um seminário em grupos menores para discutir o que foi dito na palestra.
A frequência das aulas também é menor do que no Brasil. Isso porque aqui acredita-se muito no estudo independente e dá-se muita liberdade para que os alunos tenham tempo livre para fazer estágios.
Estágios x Internships
No quesito estágio, o Reino Unido tem muito o que aprender. O país tem sim mais oportunidades bacanas em empresas renomadas, mas a maioria desses estágios não são pagos. Se o estudante der muita sorte, as empresas pagam as despesas com transporte e almoço, mas lei do estágio, como a que existe no Brasil, está longe de acontecer por aqui.
Pronto. Agora é a hora de colocar todos os prós e contra na balança e fazer a mala!
Texto e fotos: Andrea Leonel do blog Londres para Estudantes
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